O perigo do efeito manada no Branding: A obsessão pelo preto e o desafio da autenticidade

Por Eduardo Ribeiro, Arconel Marketing e Design

Desde 2011, tenho ajudado mais de 300 pequenas e médias empresas a desenvolverem suas marcas.Um padrão curioso é que muitos clientes chegam com a mesma promessa: “Queremos algo inovador, revolucionário.” No entanto, ao discutir ideias, vejo que a busca por inovação muitas vezes esbarra em convenções já estabelecidas. Marcas de açaí seguem roxas, dentistas optam por azul claro ou verde, enquanto academias buscam cores enérgicas como laranja e vermelho. Contudo, o que mais chama a atenção ultimamente é a adesão quase unânime ao preto — frequentemente combinado com dourado ou prata.

Essa tendência reflete o efeito manada, um fenômeno em que empresas adotam escolhas populares na tentativa de transmitir sofisticação e modernidade, mesmo que isso signifique perder sua identidade única. O resultado? Uma paisagem de marcas homogêneas, onde é difícil diferenciar uma igreja de uma academia ou até de um consultório odontológico.

Exemplo de logo comprado em banco de imagens, adotado por várias empresas. Sem exclusividade, o risco de outras marcas usarem o mesmo design é alto, comprometendo a autenticidade.

Teoria das cores e a busca pela sofisticação

As cores têm um papel psicológico poderoso no branding. Elas influenciam as emoções e moldam percepções:

  • Azul: Confiabilidade, segurança (amplamente usado por bancos e dentistas).
  • Vermelho: Energia, paixão (comum em academias e restaurantes).
  • Roxo: Criatividade, espiritualidade (açaí, por exemplo, usa muito por associação à fruta e saúde).
  • Preto: Luxo, poder e modernidade.

O preto, em particular, tem dominado setores que buscam se destacar como sofisticados e minimalistas. Ele é versátil, atemporal e poderoso — mas, quando usado de forma indiscriminada, corre o risco de diluir a originalidade da marca.

Veja mais:  O que não fazer ao criar a marca da empresa

Marcas conhecidas que mudaram para preto

Empresas icônicas têm adotado o preto como estratégia visual:

  • Burberry: Reduziu o padrão xadrez e focou em um logotipo preto minimalista em 2018.
  • Yves Saint Laurent: Rebranding em 2012 para um visual preto e branco moderno.
  • Pringles: Tornou-se o mascote monocromático para refletir simplicidade.
  • Volkswagen: Em 2019, passou a usar um logotipo preto e branco em várias aplicações.

Essas mudanças geralmente visam transmitir modernidade, mas quando muitas marcas seguem o mesmo caminho, a diferenciação torna-se difícil.

Empresas sofisticadas que fugiram do Preto

Apesar da tendência, algumas marcas sofisticadas se destacaram mantendo outras paletas de cores:

  • Tiffany & Co.: O icônico azul Tiffany é um símbolo de luxo e exclusividade.
  • Louis Vuitton: Foca em tons terrosos e dourados no tradicional monograma.
  • Veuve Clicquot: O laranja vibrante reflete celebração e sofisticação.
  • Hermès: Usa laranja, um tom ousado e tradicional.

Essas marcas mostram que é possível transmitir sofisticação com cores que não sejam neutras. Mas você aí pode dizer, Eduardo eu entrei agora no site da Tiffany & Co e a logo tá preta. E eu vou te responder ali é uma aplicação da marca. E se você quer saber mais sobre isso, dá uma olhada nesse artigo:  Manual da Marca: O que é e por que a sua marca deveria ter

Como evitar o efeito manada no Branding

As marcas que desejam se destacar precisam aprender com os líderes da natureza e ousar explorar novos territórios. Seguir tendências pode ser seguro, mas a verdadeira força está na autenticidade. Aqui estão algumas estratégias para evitar o efeito manada:

  1. Autoconhecimento: Identifique o que torna sua empresa única. Não é a cor preta ou o minimalismo que farão sua marca memorável, mas o que você representa.
  2. Narrativa Autêntica: Construa uma história que ressoe com o público. Uma cor sozinha não sustenta uma marca; a mensagem e os valores são essenciais.
  3. Ousadia na Diferenciação: Se todos estão indo para o preto, que tal explorar cores vibrantes ou menos comuns no seu setor? Tiffany & Co., Veuve Clicquot e Hermès são grandes exemplos.

Conclusão: Seja memorável pelo que você é!

Marcas que seguem cegamente tendências correm o risco de se tornarem invisíveis em meio à multidão. O verdadeiro poder do branding está em criar algo que represente de forma autêntica os valores e a essência da empresa. Seja ousado como um líder de manada e escolha caminhos que reforcem a sua singularidade. Assim, sua marca será lembrada não pelo que “copiou”, mas pelo que ela é.

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Fontes Consultadas: Este texto foi desenvolvido com base em informações extraídas de artigos especializados sobre branding, psicologia das cores e rebranding de grandes marcas, incluindo estudos do Sou João Studio, InfoBranding e referências clássicas como o livro A Psicologia das Cores de Eva Heller. Para mais detalhes, acesse os links indicados no conteúdo.